Estábulos

estábulos

Era meu primeiro dia no acampamento. Aquela, na verdade, era minha primeira manhã ali. O sol havia acabado de dar as caras por entre os altos pinheiros, ainda muito tímido, tendo seu rosto escondido por uma espessa camada de nuvens que cobriam todo o céu. O clima estava frio e húmido, exigindo que eu vestisse minha jaqueta de couro sobre meu moletom felpudo. Ainda assim, minha respiração liberava uma quantidade considerável de névoa. Tudo estava no mais absoluto silêncio, e o único som que conseguia ouvir era o das minhas botas sobre o chão lamacento.

Vagando pelo acampamento, ainda sem um destino, passei em frente aos estábulos. Não sabia montar e nem achava cavalos muito interessantes, porém, eles pareciam ser os únicos animais acordados àquela hora.

Tomei coragem e aproximei-me, quando ouvi alguns gritos vindo de trás do local. Cheguei mais perto, curioso, e percebi que tratava-se de uma garota montando. Ela estava raivosa com seu equino que, nas palavras dela mesma, era muito lento. Não achava aquilo nem um pouco interessante, logo, estava pronto para partir dali, quando notei que um ruído alto foi emitido pelo cavalo dela.

Olhando atentamente, percebi que ela estava usando uma quantidade de fogo criado em suas mãos para punir o animar. Ele relinchava de dor mas ela não parava.

— Ei, saia daí agora! — Gritei, tentando espantar a garota.

Ao me ouvir, a campista desceu do cavalo e correu em direção aos Campos de Marte. Não tinha tempo para ir atrás dela, precisava ajudar aquele animal.

Corri em direção ao cavalo, e foi ali que percebi o quanto eu era rápido. Porém, será que poderia fazer algo para ajudá-lo?  

Fiquei de pé, ao lado do animal, e fechei os olhos com força, desejando que algo acontecesse para que ele se curasse.

Alguns segundos se passaram, até que fui surpreendido por um forte estrondo que fizeram com que minhas mãos estremecessem. Abri meus olhos, assustado, e notei que o cavalo estava coberto por... glitter? Sim, uma espessa camada de purpurina prateada saiu das minhas mãos e foi jogada contra a criatura.

Os gemidos de agonia do animal haviam parado. Minha visão ficou embaçada por lágrimas, e então acariciei a crina do cavalo que havia acabado de curar. Aquela foi a primeira vez que me senti como se tivesse feito algo certo em toda a minha vida.