Arena de Treinamento de Mascotes

Era uma amizade nova, porém muito mais profunda do que a grande maioria das amizades que eu mantinha. Escovava o pelo do meu lobo com dedicação, observando que o animal gostava daquele gesto, pelo jeito como se apoiava sobre mim e fechava os olhos, fazendo uma feição prazerosa toda vez que a escova corria por seu corpo. Apesar de toda esse carinho, era hora de um pouco de ação.

Ainda me impressionava um pouco com o tamanho de Fenrir e de como ele era dócil e fiel a mim, mesmo com pouco tempo de convivência. Mantínhamos um certo respeito um com o outro enquanto não estávamos nos demonstrando afeto, por isso, quando me levantei ele caminhou imponente ao meu lado, embora seu focinho estivesse mais perto do chão, como que farejando algo. Encaramos juntos aquele peculiar arena, cheia de obstáculos e exercícios por um momento, até que assoviei e apontei o dedo para frente.  

Apesar de não ser um comando claro, Fenrir pareceu entender muito bem do que se tratava aqueles obstáculos a sua frente, pois avançou com tamanha velocidade em direção a gangorra que chegou a suscitar o relincho de um pégaso mais jovem. Ele subiu e desceu do obstáculo sem maiores dificuldades e continuou avançando em direção a uma parede de madeira com um pedaço de trapo de couro. Aproveitando seu impulso, Fenrir escalou parte da parede, o suficiente para agarrar o trapo de couro preso perto do topo pelos dentes por algum momento, até que ele arrebentasse.

Corri em direção a ele com um ar de impressionado, pois era justamente como eu me encontrava naquele momento:

- Muito bem, Fenrir! - disse, acariciando o espaço entre suas orelhas - Agora vamos treinar os comandos, como estávamos fazendo antes - eu não ousaria dizer que estava adestrando Fenrir, mas as vezes nos desentendíamos, então achei necessário treinar pelo menos alguma afinidade bem clara, em formato de comandos. Sorte a mjnha que Fenrir consentiu com aquele treinamento aparentemente muito bem.

Nos dirigimos para uma parte mais afastada, com alguns bonecos de palha perto da parede:
- Então... Vamos começar. Ataque! - Fenrir rosnou e saltou sobre o que seria o pescoço de um dos bonecos quase instantaneamente, fazendo a palha sumir e se espalhar entre os seus dentes, quando ele balançava o rosto com trancos violentos. Ele não demorou muito para se mover pelo lado e atacar outro dos bonecos de palha, rasgando sua barriga com uma mordida, deixando apenas metade do boneco parcialmente inteiro. Ele já avançava para outro alvo quando gritei:

- Para! - Ele saltou para o lado do terceiro boneco e deu meia volta, olhando para mim como se dissesse "Pô, cara, mas já acabou a brincadeira?", mas obedeceu fielmente. Me aproximei a acariciei sua cabeça novamente, dizendo:

-  Em guarda - ele olhou para horizonte a frente, contraindo todos os seus músculos. Um rosnado saltava de sua  boca, que mostrando os dentes de uma maneira horrenda, totalmente diferente daquele Fenrir manso que gostava de receber meu afago - Relaxa, Fenrir, eu não mereço você.

Repetimos apenas esses três comandos praticamente da mesma forma, pois a intenção era deixar alguns comandos bem claros e alinhados, o que não funcionaria tão bem se praticássemos muitos comandos de uma vez. No final do treinamento, me sentei para ficar mais um pouco com ele e lhe arranjei um belo pedaço de pernil, deixando-o a saborear aquele " banquete" antes de voltar para meu chalé.